quarta-feira, 20 de abril de 2011

3) Reflexão do texto: A Representação do Eu na Vida Cotidiana

          Um bom convívio em sociedade exige o uso de máscaras. Devido às diferentes atividades que são desempenhadas durante o dia assumimos os papéis adequados para cada uma. Ou seja, salvando algumas exceções, um comportamento praticado em sua residência não deve ser repetido no local de trabalho. Então, nos moldamos visando à aceitação social.
        Consoante Erving Goffaman, o sincero é aquele que quando exigido a representação a faz, no entanto consegue distingui-la de sua verdade, identificando que isso é apenas um papel.
        Já o cínico é definido por Goffaman como aquele que atua sem crer no seu personagem, o executa sem importar-se com opiniões da platéia. Muitas vezes o cínico age em benefício próprio, sem preocupar-se com o coletivo.
        Assim, tanto o cínico quanto o sincero alcançam o seu objetivo, que é um relacionamento social melhor possível. O cínico, entretanto, carrega pontos negativos ao não valorizar o coletivo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

REFLEXÃO...

O aluno perfeito

Artigo de Rubem Alves

Ele se chamava Memorioso, pois seus pais julgavam que a memória perfeita é essencial para uma boa educação.



Era uma vez um jovem casal que estava muito feliz. Ela estava grávida, e eles esperavam com grande ansiedade o filho que iria nascer.

Transcorridos os nove meses de gravidez, ele nasceu. Ela deu à luz um lindo computador! Que felicidade ter um computador como filho! Era o filho que desejavam ter! Por isso eles haviam rezado muito durante toda a gravidez, chegando mesmo a fazer promessas.

O batizado foi uma festança. Deram-lhe o nome de Memorioso, porque julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação. Educação é memorização. Crianças com memória perfeita vão bem na escola e não têm problemas para passar no vestibular.

E foi isso mesmo que aconteceu. Memorioso memorizava tudo que os professores ensinavam. Mas tudo mesmo. E não reclamava. Seus companheiros reclamavam, diziam que aquelas coisas que lhes eram ensinadas não faziam sentido. Suas inteligências recusavam-se a aprender. Tiravam notas ruins. Ficavam de recuperação.

Isso não acontecia com Memorioso. Ele memorizava com a mesma facilidade a maneira de extrair raiz quadrada, reações químicas, fórmulas de física, acidentes geográficos, populações de países longínquos, datas de eventos históricos, nomes de reis, imperadores, revolucionários, santos, escritores, descobridores, cientistas, palavras novas, regras de gramática, livros inteiros, línguas estrangeiras. Sabia de cor todas as informações sobre o mundo cultural.

A memória de Memorioso era igual à do personagem do Jorge Luis Borges de nome Funes. Só tirava dez, o que era motivo de grande orgulho para os seus pais.

E os outros casais, pais e mães dos colegas de Memorioso, morriam de inveja. Quando filhos chegavam em casa trazendo boletins com notas em vermelho eles gritavam: "por que você não é como o Memorioso?"

Memorioso foi o primeiro no vestibular. O cursinho que ele freqüentara publicou sua fotografia em outdoors. Apareceu na televisão como exemplo a ser seguido por todos os jovens.

Na universidade, foi a mesma coisa. Só tirava dez. Chegou, finalmente, o dia tão esperado: a formatura. Memorioso foi o grande herói, elogiado pelos professores. Ganhou medalhas e mesmo uma bolsa para doutoramento no MIT.

Depois da cerimônia acadêmica foi a festa. E estavam todos felizes no jantar quando uma moça se aproximou de Memorioso e se apresentou: "Sou repórter. Posso lhe fazer uma pergunta?" "Pode fazer", disse Memorioso confiante. Sua memória continha todas as respostas.

Aí ela falou: "De tudo o que você memorizou qual foi aquilo que você mais amou? Que mais prazer lhe deu?"

Memorioso ficou mudo. Os circuitos de sua memória funcionavam com a velocidade da luz procurando a resposta. Mas aquilo não lhe fora ensinado. Seu rosto ficou vermelho. Começou a suar. Sua temperatura subiu.

E, de repente, seus olhos ficaram muito abertos, parados, e se ouviu um chiado estranho dentro de sua cabeça, enquanto fumaça saia por suas orelhas. Memorioso primeiro travou. Deixou de responder a estímulos.

Depois apagou, entrou em coma. Levado às pressas para o hospital de computadores, verificaram que seu disco rígido estava irreparavelmente danificado.

Há perguntas para as quais a memória não tem respostas . É que tais respostas não se encontram na memória. Encontram-se no coração, onde mora a emoção...


(Folha de SP, 24/1)
A vida sempre nos surpreende, quando pensamos que sabemos tudo aprendemos algo novo.
 Copiar colar??
"Então o Senhor me respondeu: "Escreva claramente a visão em tábuas, para que possa ler quem passa correndo" habacuque 2:2.

domingo, 3 de abril de 2011

2) As Três Ecologias

Os fenômenos de desequilíbrio tecnológicos que ocorrem no nosso Planeta ameaçam sobre tudo a forma humana de vida causando um devir de deterioração. É possível observar esse processo nas relações pessoais engessadas que se estabelecem atualmente, no contexto do trabalho, da família e amigos. Predominando-se ai relações doentias que seguem um mesmo manual de funcionamento. Os modos de vida individuais e coletivos assim encaminham-se para a estereotipação de comportamentos unívocos embasados num modelo arcaico. Portanto a subjetividade é comprometida à medida que se dá o avanço tecnológico, influenciada principalmente pela mídia que reduzi e empobrece a singularidade do sujeito.
Para essa problemática Guatarri propõe a articulação ético-politica, que chama de Ecofisica, entre as ecologias do meio ambiente, social e da subjetividade humana. A Ecofisica tende a modificar maneiras de ser, pensar e agir, produzindo um sujeito em um novo contexto social. Faz-se urgente essa transformação deixando as referencias conservadoras, para que seja possível a criação de novos paradigmas. Mas o que atualmente ocorre é um grande paradoxo entre o desenvolvimento técnico-cientifico, que tem por objetivo reequilibrar as ecologias, e a incapacidade das forças sociais de se apropriar desse meio. Para efetivamente torna-lo positivo e operativo é preciso que os sujeitos não se abstém e fechem os olhos aceitando tudo o que lhe é imposto pela mídia e sociedade, mas que permitam-se ser o que realmente querem ser.
É necessário dar outro uso as fórmulas do passado que não mais é possível aplicar na sociedade atual, porque demanda questões de subjetividade diferentes da época. Sobretudo desenraizar, descongelar e desancorar conceitos, rompendo com o totalizante, posicionando contra a uniformização e propondo-se a criar e cultivar a existência da diferença e da singularidade de forma a torná-la possível e positiva. Espera-se um futuro de sujeitos heterogêneo, que possam permitir a articulação das práticas ecológicas e possibilitar a mudança e ressignificação das práticas culturais.
Félix, Guatarrri – As Três Ecologias – Tradução de Maria Cristina F. Bittencourt - 6ª ed. – Campinas - SP - Papirus – 1997.